Elvira Sá, professora leiga, nasceu em Maracás-Bahia, em 08/08/1919 e faleceu também nesta cidade em 11/08/1992. Era de família tradicional, filha do Sr. Nestor Sá e Dona Evangelina Portela Sá. Seu pai veio a falecer quando ela contava apenas com seis anos de idade, deixando quatro filhos. Era ela a terceira filha.Com oito anos de idade, foi matriculada na escola pública e concluiu os estudos com a professora Corina Torres Galindo, recebendo o seu diploma com a nota máxima (que era naquele tempo designada distinção). Continuou com a vocação de professora indo para a Fazenda Nova com sua mãe, onde dava aulas para as amigas.
Ainda bem jovem, demonstrou grande vocação pelos estudos, especialmente pela música e poesia. Com 16 anos de idade, encontra o Sr. Antenor Morbeck do Nascimento, lavrador, com o qual ficaram noivos. Aos 18 anos de idade, casou-se no civil e no religioso, em Maracás, no dia 27/11/1938. Foram morar na Fazenda Lagoa dos Homens, neste município, a qual eram proprietários. Lá nasceram seus dezenove filhos. Criou-os e educou-os com muita dedicação. Já aposentada por tempo de serviço e com os filhos já praticamente criados, retorna à Maracás, para que os filhos prosseguissem os estudos. Era católica, apostólica e romana, fazia parte do Apostolado do Coração de Jesus e era devota de Maria Santíssima. Chegou a palestrar em novenário das festas da Padroeira Nossa Senhora das Graças e do Co-padroeiro São Roque. Em 10 de fevereiro de 1980, na gestão do Sr. Jaime Miranda Portela, participou juntamente com outros concorrentes do Concurso para Criação do Hino à Maracás. Viveu a maior emoção da vida, sendo gratificada ao saber que o seu Hino foi o escolhido e oficializado.
(Texto disponibilizado pela família de Elvira Sá. Este material consta na Creche Elvira Sá Nascimento, localizada na Praça Rui Barbosa, Centro, Maracás-Ba).
HINO À MARACÁS
( Letra e Música de Elvira Sá)
Foi aqui no
local em que se ergue
Nossa sede
municipal
Que era a
tribo dos índios Maracás
Guerreiros,
valentes sem igual.
Teimosos na
luta
Seguros no
golpe
Era aqui o
aldeiamento principal.
Terra de
Nossa Senhora das Graças
Doada por
Maria da Paixão
Teu nome
guardaremos na lembrança
Mulher de
grande coração
Ontem,
simples capela
Hoje linda
matriz
Casa de Deus
e da nossa devoção.
Maracás,
Maracás!
Assim teu
nome nasceu
Origem de uma
tribo indígena
Este nome bem
que mereceu.
Teus heróis,
Maracás, serão lembrados
Por teus
filhos eternamente
Lutaram pra
conquistar esta terra
Que é o
orgulho da tua gente
Te amamos,
Maracás, Nossa terra querida
Nós queremos
te ver pra frente.
Com muitos metros de altitude
Teu horizonte apresenta lindas
cores
Como é lindo contemplar o pôr do
sol
Com seus raios cheios de fulgores
Teus campos verdejantes
Clima frio e saudável
Salve, salve, Maracás, terra das
flores.
Maracás, Maracás ! ...
És famosa em pecuária e
agricultura
Teu café é nossa fonte de riqueza
A mamona e também a mandioca
Aumentando a tua grandeza
As águas cristalinas
Do rio Jequiriçá
Completando a tua beleza.
Com os esforços de todos os teus
filhos
Teu progresso aumentando dia a dia
O coração do maracaense
Está transbordando de alegria
Com a ajuda de Deus
E dos homens também
Tu serás o orgulho da Bahia.
Maracás, Maracás!
Assim teu nome nasceu
Origem de uma tribo indígena
Este nome bem que mereceu.
MENSAGEM A MANA ELVIRINHA
Meus amigos! Nem sei como começar a falar de minha querida irmã Elvira. Todos vocês a conheciam muito bem, através do seu talento e da sua inteligência. Foi uma criatura como bem poucas em nossa cidade, pois em nossa cidade, naquela época , na sua juventude, não havia possibilidade de um bom colégio, para que ela expandisse e desenvolvesse a sua capacidade intelectual. Mas, aí teria a desculpa, de bons colégios e bons mestres. O seu mérito está aí. Foi uma boa mãe, educou os próprios filhos, residindo em uma fazenda. Vieram para a cidade, ingressaram no Colégio e fez deles moças e rapazes inteligentes e capazes de realizar qualquer trabalho importante, como: professora, enfermeira, funcionário de Banco e funcionário de firmas em grandes cidades. E nem só isso, meus amigos! Quantos alunos ela preparou aqui na cidade, para que ingressassem no colégio! Na minha adolescência, ela foi para mim uma segunda mãe.Nunca esqueci e nem deixei de falar com os meus sobrinhos e meus filhos, o que devo a ela! A escola pública que eu tive, foi o primeiro e o quarto ano primário. No intervalo do 1º ao 4º, aprendi tudo com ela, sempre na fazenda. Quando voltamos em 1938, ano em que ela se casou, eu fiz um teste e fui aprovada em todas as matérias e passei para o 4º ano. Me ensinou a costurar, bordar e a fazer muitos trabalhos artesanais. Por isso que eu digo, meus amigos, que perdemos esta admirável criatura, mas com o orgulho de termos dado um grande exemplo de vida. Sempre alegre e cheia de criatividade, poetisa, compositora, além de outras, foi a autora do Hino da nossa cidade de Maracás. Que Deus a tenha em seu Reino de Amor e Paz! Que dê ao seu esposo, filhos e netos, a lembrança sempre carinhosa e o conforto, para superar esta ausência.
Em: 12/08/1992
(Homenagem à Helená Sá - irmã de Elvira Sá)
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